Ser abraçado por um fantasma e me tornar um só com ele. Essa é a sensação que tenho toda vez que ouço Vento no Litoral , da Legião Urbana. Os seis minutos e seis segundos da canção me levam a um longínquo e solitário fim de tarde. Nesse cenário, eu me imagino diante do mar sendo tocado por uma brisa que representa a presença onírica de um amigo que se foi. Profundamente simbólicos e ambíguos, o mar, a brisa e os cavalos-marinhos se unem para criar a atmosfera delicada e dolorosa de Vento no Litoral . A composição está no “V” – disco cheio de referências obscuras e melancólicas. De acordo com a doutora em Literatura Julliany Mucury, na obra Renato, o Russo , as influências de bandas de rock gótico, como a britânica The Cure, são notórias em todo o álbum. Em “Vento no Litoral”, especialmente, há muito dessa soturna melancolia. Letra e melodia são, contudo, melíferas. A música é trucidante e envolvente; triste, mas agradável; dolorosa, porém deliciosa. Até mesmo o encadeamento d...