Ária nº 7. “Gasparzinho”: a dor e o luto são os maiores fantasmas do filme
Na minha infância, eu sempre via, na Sessão da Tarde , da Globo, um filme que me provocava ternura e angústia: Gasparzinho, o Fantasminha Camarada . Para muitas crianças, o divertido personagem espectral era apenas uma figura engraçada, amigável e atrapalhada. Meu olhar para ele, no entanto, sempre foi outro. Esse ser fantasmagórico é um símbolo de todos aqueles que partiram e jamais poderão voltar (mas que a nossa fantasia insiste em não abandonar). Anos mais tarde, descobriria, pelos estudos de Freud, que aquilo que não foi resolvido sempre retorna. Este é um caso. Eu nunca vou conseguir resolver, dentro de mim, a morte de uma pessoa amada. E acho que seria até cruel superá-la. Não sei superar. Não quero superar. E não entendo isso. Eu gostaria mesmo era de desfrutar de uma porção de tempo com quem já se foi. E o filme explora bem essa possibilidade momentânea de retorno dos mortos. Gasparzinho tem uma máquina alimentada por um elixir capaz de revivê-lo. Trata-se de u...